Por Catarina
Fonseca
O MUNDO tem
mais uma rainha. Chama-se, como qualquer plebeia ali da Musgueira, Estela
Sílvia (o Sílvia ser da avó não é desculpa) e é sueca. Isto para vos dizer que,
estando eu nessa altura na Suécia, tiveram que me amarrar para não comprar
todas as revistas – em sueco – com a história da Lilla (pequena) Estelle.
À vinda,
fiquei na sala de embarque a remoer em duas coisas: por que é que eu, uma
republicana convicta, era tão fã de realeza, e porque é que não havia uma
sex-shop no aeroporto. Já estava imaginar uma data de suecos em delírio a
embarcarem com bonecas insufláveis e algemas de renda. Bem, não se entusiasmem
que o tema não é esse.
No tempo da
minha avó, ela e as amigas votavam todas as semanas na Maria de Lurdes Resende
para Rainha da Rádio. E eu era obrigada a ler a ‘Hola!’ em voz alta de fio a
pavio, revista que começava invariavelmente com um artigo com a princesa
Carolina en um rincón de su hogar.
Hoje não
temos nada assim. Falta-nos isso, que não era pimbice, era a nossa necessidade
de rainhas. A nossa necessidade de cor-de-rosismo na vida. De vestidos e tiaras
e princesas Disney. Temos a ‘Caras’, mas não é a mesma coisa. E temos os
Óscares, mas é pouco, porque os atores e atrizes não estão suficientemente
longe de nós para funcionarem como sonho. São só um sonhozinho. Assim
pequenito, como a Lilla Estela.
O T.S. Eliot
dizia que a Humanidade não consegue aguentar demasiada realidade. Às vezes,
sinto que é isso que temos agora. Demasiada realidade. Já não aguento revistas
a mandarem-me poupar e a dizerem-me como é que eu hei de ser feliz mesmo assim
pobre como estou, ou sobre pessoas que deram a volta à crise criando
fantásticos negócios.
Quero a
rainha a que tenho direito. Não quero uma Lilla Estela adotada. Tenho vontade
de raptar a Lilla Estela aos suecos.
Depois li um
artigo espanhol sobre japoneses sem sexo. Um em cada três japoneses não tem
sexo não porque não haja japonesas, mas porque, basicamente, dá trabalho. Dá
mais trabalho satisfazer a namorada do que passar horas a ver filmes porno,
jogar jogos de vídeo porno ou, cúmulo da originalidade, ir a Cafés de Gatos
(literalmente, não gatos como o Bradley Cooper) apaziguar a falta de relações
humanas acariciando felinos. Também para estes japoneses o mundo é demasiada
realidade, mas responder com uma substituição total não foi uma boa ideia...
Resultado:
as japonesas estão a dar em malucas (os japoneses presume-se que já tenham
dado, há muito tempo) e as ocidentais fazem a si próprias a pergunta: será que
este cenário é uma exceção ou uma previsão?
Isto
aparentemente não tem nada a ver com rainhas porque ainda não se fez nenhum
documentário sobre rainhas sem sexo (imaginem as dificuldades burocráticas, se
para apanhar a princesa Carolina en un rincón de su hogar já não deve ter sido
fácil) mas mostra como fantasia a mais também não é nada bom. Claro que mostra
muito mais como temos cada vez mais dificuldade em nos darmos aos outros, em
percebermos que não somos perfeitos e não podemos exigir isso a ninguém, mas
que ainda não se inventou nenhum jogo de computador que substitua a pele (e não
estou a falar da pele de gato).
Conclusão:
cuidado com as fantasias que arranja, mas não deixem de as ter, porque neste
mundo de troikas, é isso que nos protege. E sejam românticos: realizem o sonho
de alguma mulher (ou homem) que conheçam e mandem-lhe flores (não virtuais). E
boa primavera.
«Passiva» de
Abril de 2012
:)
ResponderEliminarUma mãe é uma pessoa que ao ver que só ficam quatro bocados de torta de chocolate tendo cinco pessoas,
ResponderEliminaré a primeira em dizer que nunca gostou de chocolate.
Às vezes, as palavras se perdem na expressão da palavra Mãe.
Nenhum dicionário definirá a magia do seu significado e,
em todos os idiomas, traduz o mesmo sentimento:
Ser mãe. No decorrer dessa semana só levarei mensagem do dia das mães.
A você mãezinha que viaja comigo meu eterno carinho e agradecimento.
Ser mãe é graça e benção por isso essa semana será só nossa.
Mães de todo esse mundo . Feliz dia das mães. Dia das mães é todos os Dias.