Por Alice Vieira
DESCULPEM LÁ mas eu, se fosse americana, tinha-me sentido muito ofendida por um cão me ter desejado bom ano.
De certeza que toda a gente viu na televisão, passou em todos os canais, com direito a repetições: Barak Obama e a mulher, em duo natalício, mandavam os seus votos de Boas Festas a todo o povo americano. Em nome de ambos,”e também de Malia, e de Sasha” — e vai a Sra. Obama, sorridente, e acrescenta: “e de Bo!” O que o marido reafirma, evidentemente : “e de Bo!”
Bo é o cão da família Obama. Cão de Água português, como toda a gente sabe, o que faz com que tenhamos um infiltrado na Casa Branca.
Mas nem o meu mais acérrimo patriotismo aceita que um cão me deseje Boas Festas. Era só o que mais faltava.
Eu até gosto do casal, palavra!, e só não votei nele porque não pude, mas festejei a vitória cá em casa com um grupo de amigos, champanhe, e tudo aquilo a que a alegria tem direito.
E eu até percebo que os 48% de popularidade não sejam de molde a deixá-lo muito tranquilo, e que portanto há que recorrer a todas as estratégias de marketing para recuperar quem se perdeu.
Mas há limites.
Imaginem que o presidente Cavaco Silva, na mensagem de Ano Novo, exprimia os seus votos em dueto com a mulher, trazendo à liça a família toda, “e também em nome do Bruno e da Patrícia e da Mariana, e do Afonso…”, etc, etc, etc - que o nosso presidente, em número de familiares, leva a palma ao americano.
Já imaginaram? E olhem que eu não incluí cão nem gato nem passarinho nem tartaruga, que não sei se existe lá por casa.
Já pensaram nas reacções? Na risota? Nas anedotas do dia seguinte?
Não há dúvida: ter quase 900 anos de história em cima dos ombros é bem diferente do que ter pouco mais de 200.
Deixem-me ser elitista: ser europeu (está bem, somos velhos; está bem, estamos gastos) ainda é uma coisa muito bonita!
E bom ano para todos!
.DESCULPEM LÁ mas eu, se fosse americana, tinha-me sentido muito ofendida por um cão me ter desejado bom ano.
De certeza que toda a gente viu na televisão, passou em todos os canais, com direito a repetições: Barak Obama e a mulher, em duo natalício, mandavam os seus votos de Boas Festas a todo o povo americano. Em nome de ambos,”e também de Malia, e de Sasha” — e vai a Sra. Obama, sorridente, e acrescenta: “e de Bo!” O que o marido reafirma, evidentemente : “e de Bo!”
Bo é o cão da família Obama. Cão de Água português, como toda a gente sabe, o que faz com que tenhamos um infiltrado na Casa Branca.
Mas nem o meu mais acérrimo patriotismo aceita que um cão me deseje Boas Festas. Era só o que mais faltava.
Eu até gosto do casal, palavra!, e só não votei nele porque não pude, mas festejei a vitória cá em casa com um grupo de amigos, champanhe, e tudo aquilo a que a alegria tem direito.
E eu até percebo que os 48% de popularidade não sejam de molde a deixá-lo muito tranquilo, e que portanto há que recorrer a todas as estratégias de marketing para recuperar quem se perdeu.
Mas há limites.
Imaginem que o presidente Cavaco Silva, na mensagem de Ano Novo, exprimia os seus votos em dueto com a mulher, trazendo à liça a família toda, “e também em nome do Bruno e da Patrícia e da Mariana, e do Afonso…”, etc, etc, etc - que o nosso presidente, em número de familiares, leva a palma ao americano.
Já imaginaram? E olhem que eu não incluí cão nem gato nem passarinho nem tartaruga, que não sei se existe lá por casa.
Já pensaram nas reacções? Na risota? Nas anedotas do dia seguinte?
Não há dúvida: ter quase 900 anos de história em cima dos ombros é bem diferente do que ter pouco mais de 200.
Deixem-me ser elitista: ser europeu (está bem, somos velhos; está bem, estamos gastos) ainda é uma coisa muito bonita!
E bom ano para todos!
«JN» de 31 Dez 10
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